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O caminho das Margaridas

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"Vale a pena marchar sim". 

É uma glória para as mulheres rurais que nunca conheceram nada terem essa oportunidade de viajar. Sem luta, a gente não consegue nada. Se a gente cruzar os braços, fica pior. Tem que ter fibra, ter confiança na luta, e se a gente não consegue todos os objetivos que queremos, pelo menos alguns frutos brotarão, o que a gente não pode é baixar a cabeça, tem que estar sempre firme. O nome de Margarida ficou imortalizado. Se a gente vai cantar, se a gente quer representar alguma coisa de garra da mulher, a gente diz que é uma margarida. Forte como Margarida”

(Maria da Soledade Leite, violeira e repentista, foi amiga de Margarida Maria Alves)

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Por que marcham as milhares de trabalhadoras rurais que, desde 2000, ocupam durante um dia as ruas de Brasília numa caminhada que leva o nome da paraibana Margarida Maria Alves? Por que deixam suas casas, roças, maridos e filhos e fazem viagens de ônibus que podem durar mais de dois dias até a capital?

A Agência Brasil ouviu mulheres de várias partes do país e viajou mais de 2 mil quilômetros em uma jornada de 44 horas para acompanhar um grupo vindo dos arredores de Campina Grande, na Paraíba, e entender as razões que motivam e animam a marcha. Nesta edição, a quinta desde 2000, e reuniu 70 mil margaridas em uma das principais vias de Brasília, o Eixo Monumental, que leva à Praça dos Três Poderes, onde estão o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

Entre as respostas para os porquês da marcha, a busca por melhorias na vida do campo, com mais estrutura de educação e saúde para elas e os filhos; mais inclusão das campesinas no sistema produtivo; e a vontade de ajudar outras mulheres a enfrentar o machismo e a violência doméstica.

“Este ano vou marchar para que tenhamos mulheres mais livres, mais reconhecidas, mais valorizadas e para que tenhamos um Brasil que seja cada vez melhor, que saia rapidamente dessa crise, um Brasil que os brasileiros merecem”, disse a agricultora e líder sindical gaúcha Inque Schneider, mostrando que em 15 anos a mobilização agrupou novas pautas, para além das questões do campo.

Na última marcha, em 2011, um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) revelou que as margaridas têm, em média, 42 anos, e a maioria vem do Nordeste e do Norte do país (20% apenas do Pará). Mais de 68% vivem na zona rural e não querem se mudar para a cidade. Segundo o levantamento, 67% vivem da agricultura familiar.

Trinta e dois anos depois do assassinato de Margarida Maria Alves, morta a tiros por um pistoleiro de aluguel, a luta da sindicalista continua inspirando trabalhadoras rurais a brigar por seus direitos.

    “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”

Margarida em um discurso gravado na fachada de sua antiga casa

Conheça aqui o Caminho e toda a jornada das margaridas até chegarem na Marcha em Brasília.

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